Se até nossos hermanos…

Escrito por Ingo Ploger em .

Dá para acreditar? Que argentinos, intelectuais ou pessoas simples, admiram o Brasil e nos enxergam como exemplo na América Latina? Que chilenos nos caracterizam como sendo a China da América do sul e não entendem porque não assumimos a liderança que nos é solicitada?

Se isto está ocorrendo com pessoas que normalmente nos olham com certa desconfiança histórica e competitiva, não é de se estranhar que suecos, alemães, espanhóis e outros já nos vejam como o país BRIC que está dando certo pós crise.

O Presidente Lula tem demonstrado sua grande capacidade de convencimento em encontros com investidores internacionais. E tem melhorado sua interlocução, de oportunidade em oportunidade. No Encontro Econômico Brasil-Alemanha, em Vitória, frente a mais de 1000 pessoas, como estadista externou sua grande preocupação sobre o uso futuro das nossas reservas naturais petrolíferas e quer deixar um legado sustentável, para que o uso desse patrimônio sirva para investir, enquanto tenhamos este usufruto, na educação e inovação e na saúde do povo brasileiro. Isto é música para os ouvidos de um investidor!

Já na Suécia, após a alegria de haver conquistado as Olimpíadas de 2016 para o Rio de Janeiro e para o Brasil, Lula colocou o discurso oficial de lado e falou para os interlocutores da União Européia e brasileiros, afirmando, profundamente emocionado, que a escolha do Brasil, antes de tudo, recupera a autoestima do brasileiro em relação ao seu país- no mais amplo sentido Obama – Yes we can!

A convicção do Presidente é de que nós brasileiros não acreditamos o suficiente no país para imaginar que podemos realizar grandes feitos, e o fato de hospedarmos mega eventos mundiais nos colocarão no foco da atenção internacional e, aí sim, poderemos demonstrar nosso potencial verdadeiro. O presidente, que como poucas lideranças, possui uma percepção política para as oportunidades, não deixa de ter razão quando se observa o enorme ceticismo contido na opinião de tantos brasileiros, em função das recentes ocorrências no Rio e se duvida de nossa capacidade de realização destes desafios.

Interessante de que quem viera a nos apartear fora justamente o prefeito de Londres, ao lembrar que ao ser alvo de ataques terroristas anos atrás o opinião corrente é que Londres não estava preparada para hospedar grandes eventos.
O Brasil é a bola da vez. Queiramos ou não, assim somos percebidos no momento mundo afora. E temos que nos preparar mentalmente para assumirmos o papel que na verdade sempre quisemos, mas as nossas reservas mentais nos levam ao ceticismo doentio. É difícil explicar que esta liderança conquistada precisa ser conduzida com muita candura, principalmente em relação a todos os nossos vizinhos, que temem nos tornarmos futuros dominadores desta região.

Não há caso similar no mundo, onde um continente tenha um vizinho com dimensões como o Brasil, sem que haja um balanço por outra economia potencial. Nem a Rússia, com sua dimensão e que tem como vizinha a China, possui esta característica. Mas nem por isto devemos abdicar de pensar em exercer uma liderança, desde que participativa, democrática e compartilhada.

A concepção desta participação, com seu peso específico, requer uma visão compartilhada das diferentes lideranças de nosso continente, para o que poderíamos chamar de uma América do Sul integrada. Exemplos não faltam de como encaminhar a formulação destas visões, que passam sempre pelo desenvolvimento de idéias e instituições para dar continuidade a este compromisso. Para tal, nós no Brasil precisamos iniciar nossa jornada em nossa própria casa. As nossas instituições políticas requerem uma reforma à altura do país. O aprimoramento democrático passa pela reforma política do Congresso e dos Partidos, sem o que sempre teremos grande dificuldade em formular e exercer políticas de longo prazo, permanecendo na visão imediatista das próximas eleições.

Embora fosse altamente desejável que o Presidente, com seu alto grau de popularidade, jogasse esta última cartada, é pouco provável que o faça no seu último ano de governo. Vai ficar para o próximo, e qual é a chance?

Precisamos nos movimentar neste sentido, porque temos que acreditar… Yes we can do it better… afinal, se até os nossos hermanos acreditam!

Ingo Plöger é presidente da IP Desenvolvimento e Conselheiro de empresas nacionais e internacionais. Escreve mensalmente na InfoMoney.

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