Repensando 2021

Escrito por Ingo Ploger em .

Article Latin Trade October 2020

  

Repensando 2021 

 

Ingo Plöger: Brazilian entrepreneur, CEAL Brasil President

 

Se o ano que está passando é completamente atípico, como deverá ser o ano que vem?

É esta a pergunta mais frequente que se faz, onde tentamos buscar respostas adequadas.

A saída da pandemia já mostra seus contornos, e enquanto aguardamos a vacina, as incertezas são grandes e nos colocam perante várias alternativas. Temos o hábito de planejar pelo calendário gregoriano, portanto o ano de 2020 já sabemos como ira terminar. Mas para o ano de 2021 queremos fazer nossas projeções, só que a pandemia não termina em 31.12.2020.

Assim precisamos arriscar alguns cenários, com a grande chance de errar:

Saúde:             Ainda sem vacina, o mundo vai andar em círculos, tentando conter o contágio. Na Europa a segunda onda, poderá trazer um lockdown parcial. No hemisfério Sul a redução das fatalidades se constata- ainda reflexo da onda 1. Os EUA terão ainda contaminações fortes, enquanto a China aparenta ter o controle bem conduzido. A probabilidade de vacinas serem aplicadas só em 2021. A vacinação se dará primeiro a grupos de alto risco, profissionais da saúde, segurança pública, serviços essenciais, idosos e depois ao publico em geral. Poderá durar o ano de 2021 inteiro, e avançar para 2022. Afinal somos 7,6 bilhões de habitantes! A eficácia das vacinas serão diferentes e poderão exigir revacinações.

Politica:           Eleições nos EUA, provavelmente democrata, grande alteração no estilo, mas não na essência em relação a China. Reativação de alguns temas centrais como TPP, Acordo de Paris. Outra relação com a América Latina.

                        Eleições na Bolívia, Brasil, constituição Chile, marcados pela questão social e pandemia.

Europa, eleições na Alemanha, França vão marcar a polarização esquerda direita. A União Europeia sob prova de fogo, posição central na Green Revolution, mais nacional, menos global será uma tendência de longo prazo.

China, reforçará sua posição, de manufatura do mundo com a adicionalidade da digitalização. Huawei e o 5G serão moeda de troca para investimentos e importações. Crescimento na China será maior que 2020, e imporá nova escala na sustentabilidade. Índia crescerá superior a 2020, incógnita como irá gerenciar a pandemia. Oriente Médio continuará na tensão, mas mais articulado entre Israel e Arábia Saudita e Egito.

Economia:     Pós-pandemia, será ainda sob forte assistência social e empresarial para diminuir os impactos sociais e de desemprego. Deficit spending e Monetary Easing serão endividamento em relação ao PIB. Riscos de default sistêmico, poderá surgir pelo Japão que tem o mais alto endividamento pelo PIB ( +250%). As reservas internacionais depositadas nos EUA e Europa, serão utilizadas em parte neste cenário e o mais atingido será a China e os países em desenvolvimento cujas reservas estão alocadas nestes países. Valorização do dólar continuará, instabilidade nas Bolsas de Valores, porém crescendo pela digitalização, e novas empresas e M&A. Crescimento da demanda por commodities alimentares, energéticas e minerais. Demanda da China elevará os preços relativos. Investimentos mais regionais menos globais, elevarão indicadores de IED dos países em desenvolvimento. Descentralização da produção será maior.

                      Viagens ainda com restrições que afetará a mobilidade internacional, o turismo, o setor de eventos, feiras, exposições e será parcialmente substituído por alternativas virtuais. Setor de IT terá impulsos de inovação com aceleração da digitalização de processos. Saúde, educação, entretenimento virtual serão beneficiados. Real State terá investimentos e desinvestimentos em função da pandemia e da mobilidade de trabalho.

Crescimento internacional poderá estar por volta de 3% partindo da base baixa de 2020. China será o estimulador deste crescimento com +5%, EUA +2%, EU +1,5%, India + 5%, America Latina + 2%, liderado pelo Brasil +3%, e América do Sul sem Brasil +2%, Mexico +1%. Não se recuperará a perda de 2020 ainda.

Cooperação Internacional está em seu mais baixo nível desde a Segunda Guerra Mundial. As ajudas mútuas no campo da saúde foram extremamente baixas. A solidariedade humana se demonstrou muito mais no campo doméstico do que no campo internacional. Se acentuaram os conflitos comerciais, tanto no campo das restrições de comércio, quanto na efetivação de acordos. Foram colocados em hold a implementação de Acordos como o Mercosul e a União Europeia, quanto a ampliação da OECD, renovação da OMC entre outros. A radicalização de temas ambientais está em forte ascensão, assim como temas da prevenção do distanciamento social, protocolos de segurança rígidos. A tensão social aumentou muito, o que reduz a predisposição harmônica entre as pessoas e suas instituições. Estes atritos aumentados irão reduzir a eficácia das relações tanto a nível de família, empresas, instituições e política. Muita energia será dispensada em manter as relações saudáveis.

A América Latina, terá em 2021, mais oportunidades de investimentos, principalmente na área de infraestrutura, no que se refere a participação privada no campo das energias, mobilidade (aeroportos, portos, rodovias) e infraestrutura da digitalização (leilões do 5G) entre outros. As demandas por alimentação no campo doméstico e internacional, manterão o agronegócio em alta.

Os governos terão desafios gigantescos, de manter a estabilidade econômica, enquanto atendem à demanda mínima social. O limite está na disciplina fiscal, embora a pandemia não tenha um calendário gregoriano, as pressões sobre os governos de manterem seus gastos contidos em 2021 e por outro lado não desestabilizarem as populações mais carentes é a arte na credibilidade econômica que os agentes investidores esperam. Governos que atuam mais na direção da participação privada terão vantagens de atraírem investimentos, já aqueles que optam pela priorização de governo para fazerem sua política econômica terão problemas. Enquanto o multilateralismo busca uma renovação, a América Latina poderá fazer parte desta inovação pela integração de biomas, integração educacional na digitalização, na saúde, na mobilidade entre os países e na integração energética. Capital não faltará para este esforço, instituições multilaterais existem, só falta a vontade política das lideranças envolvidas de buscarem estas opções na integração deste continente.

“As idéias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões de instituições que atuam.”

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