Novos ares na América do Sul

Escrito por Ingo Ploger em .

New Winds in South America

Ingo Plöger

Brazilian entrepreneur, Pres. CEAL Conselho Empresarial da America Latina – Brazil 

Brasil desde Janeiro de 2019 tem uma nova administração. É um pais de dimensões continentais que faz fronteira com mais de 10 paises da América do Sul. Sua economia é a maior da America Latina, seguida do Mexico e Argentina. A direção que o Brasil tomar faz uma grande diferença na Região e em alcançando a 10 posição no ranking internacional faz peso no G20. 

De 2014 a 2017 o Brasil teve um viés politico de esquerda moderada, de forte inserção social e de alianças internacionais mais ligadas à social democracia e ao socialismo. Entre 2017 e 2019 houve um governo de transição que mudou a direção para um governo mais conservador e reformista. A pauta política do Brasil estava centrada em gerenciar seus temas de profunda mudança especialmente na questão institucional da corrupção e má gestão. Todos os 3 Poderes estavam intensamente envolvidos neste processo, colocando as instituições sob forte teste de stress. A recessão foi brutal pelo fato, contrario à Argentina, da administração em transição de Temer, colocar a inflação em menos de dois anos de 10% a 3% ao ano. Isto só se faz com juros estratosféricos e segurando as contas publicas ao máximo. A freada foi extremamente brusca, teve seus resultados econômicos de reduzir a inflação, mas os gastos públicos em relação ao PIB ficaram muito altos (principalmente pela redução da arrecadação, mesmo havendo redução de gastos). O mercado entendeu esta virada, tanto que a variação cambial se manteve em bandas civilizadas e os Investimentos Estrangeiros Diretos ( FDI Foreign Direct Investments) continuaram a bater records. 

A eleição veio, trouxe grandes surpresas, pela enorme mudança, na escolha de seus políticos.

Mais de 50% dos deputados federais são novos e mais de 2/3 do Senado foi renovado, deixando velhos políticos como não eleitos, a exemplo da ex presidente Dilma Rousseff, rebatendo a tese do PT do “ golpe”; o eleitor escolheu a mudança. 

Entra Jair Bolsonaro, um deputado que tem 27 anos de experiencia no Congresso Brasileiro, que se utiliza de uma linguagem direta, não diplomática, chocando os ouvidos do “ politicamente correto”. O povo escolheu alguém, que achava que poderia mudar o que muitas falavam mas não conseguiam fazer. Tinha que vir alguém, que fala a linguagem deles, e tem a coragem de colocar os temas sensíveis em marcha. Começa por indicar Sergio Moro, agora já um herói nacional, pela sua incansável luta contra a corrupção, para ser seu super-ministro da Justiça incluindo as questões da Policia Federal, Sistema Carcerário, Crimes Financeiras e outras mais que lhe dão o poder de colocar “ ordem na casa”. Escolhe uma Ministra do Agronegocio, uma parlamentar muito corajosa que liderou a frente parlamentar do agronegócio, incluindo nas suas atribuições o antigo Ministerio do Desenvolvimento Agrario, a Reforma Agraria e a definição das demarcações indígenas com forte influencia nas questões ambientais. Escolhe um ex astronauta brasileiro para comandar a área de Ciencia e Tecnologia, funde o antigo Ministerio da Industria e Comercio e o Ministerio do Planejamento para um único Ministerio da Economia e nomeia o super- ministro Paulo Guedes para esta função. Concentra esforços e reduz para 22 o numero de Ministerios. Na área externa surpreende por nomear um jovem diplomata, embaixador Ernesto Araujo, intelectual, de vasta cultura, que quer promover a brasilidade mais do que a globalidade. Bolsonaro se aproxima de Trump, de Israel, e de outros países de cunho mais nacionalista do que globalista.  O que significará isto para o direcionamento de sua politica externa?

Jair Bolsonaro e sua equipe querem que o Brasil se recoloque no cenário internacional, mais pelas suas qualidades do que pelos seus defeitos. Coloca o Brasil como potência do Agronegócio, como potencia Energética, potencia de seu mercado consumidor, abrindo seus mercados aos aliados que lhe deem esta atenção. Os EUA ( como a China e a Rússia) são economias que possuem longas cadeias produtivas, do grão à mesa do consumidor, da arvore reflorestada ao livro, do minério ao avião etc..O PIB dos EUA e dos Brasil tem mais de 40% ligados as longas cadeias produtivas e daí a relação baixa entre Exportação+ Importação / PIB ser não mais alto do que 25%. É um velho erro dos economistas argumentarem que é um índice de abertura de mercado. A comparação tem que ser feita entre países de cadeias produtivas longas e curtas. 

Qual poderia ser o desdobramento desta visão?

O brasil se aliar fortemente com os EUA, rediscutir a partir daí o Mercosul e a Aliança para o Pacífico e finalizar um acordo com o México que aproxime o Brasil ao USMECA ( antiga NAFTA). Este processo pode levar algum tempo, mas vendo a disposição de Trump na negociação com o Mexico ( mesmo mantendo a polemica do muro) e Canadá, não surpreenderia se fechasse um acordo de não mais de5 a 6 setores estratégicos que envolveriam a lógica acima. O resto fica para depois. A America Latina teria um ALCA renovado …

A União Europeia, continuaria a negociar por mais 20 anos o acordo Mercosul e União Europeia…

As alianças na América do Sul poderiam ser muito mais fortes e objetivas, partindo de um mercado indutor. A China manteria sua relação com o Brasil nas áreas comerciais, mas com viés de normas mais americanas, e investimentos em áreas não consideradas estratégicas para o Brasil, como por exemplo em energia, petróleo e gas, e algumas áreas de TI, as outras seriam como sempre foram abertas.

Será uma mudança radical? Ou será uma mudança para as vocações da Região ?

Se de um lado temos o medo de uma tendência mais “ nacionalista” temos a esperança de uma liberdade econômica maior, induzida por um “ chicago boy”, abrindo o pais para a competição.  Estas contradições podem ser boas ou ruins, a arte agora é a de interpretar certo o novo rumo embasado pelas urnas. Afinal o povo falou…

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Encontro Brasil e Alemanha 2019

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Encontro Econômico Brasil – Alemanha 2018

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Encontro Econômico Brasil-Alemanha | EEBA 2017

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